quarta-feira, maio 04, 2011

"Para sempre"

O "para sempre" está sobrevalorizado.
E hoje já não tem certamente o mesmo valor que teria há duas ou três décadas atrás, lembro-me que quando abracei alguém pela primeira vez escondido debaixo das varandas e entre as garagens lá de baixo pensei para mim, é isto que quero "para sempre". Mas não foi, aliás, ás vezes pergunto-me se ainda existem amores daqueles de contos de fadas, sem pessoas com defeitos, ou então pessoas cujo único defeito, parece ser amar demais.
Já não há "para sempre's" como os dos nossos pais, e dos nossos avós, que ficam anos, décadas a fio juntos, conhecendo a face do cônjuge, todas as suas expressões , saber fazer essa pessoa sorrir, chorar de alegria, conversar com ela e resolverem todos os problemas juntos, como o meteorologista que conhece todo o processo que leva à subida e à descida de temperatura, que sabe todos os processos anexos à boa disposição.
Já não há "para sempre's" pelo menos para agora, esgotaram-se, não consigo dizer que te amarei para sempre. Não consigo dizer que pensarei só em ti para sempre, não consigo dizer que pensarei em ti como musa da minha música "para sempre", não consigo dizer mais nada sobre ti "para sempre", porque te tornaste algo superior a mim, não precisas de mim para viver a tua vida, não precisas de mim para ser feliz, não precisas de mim para seres tu. Há algo no arrependimento que faz com que seja triste viver, não quero ser uma daquelas pessoas que vive com pena de si mesma por não ter aproveitado para ser feliz "para sempre" com alguém.
Vou ser alguém que descobre que "para sempre" é uma expressão singular, e que pode ser usada em mais do que uma pessoa, e que como a idade vai tratando de afirmar, "para sempre" nunca passará de um promessa vã.

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