terça-feira, maio 03, 2011

Dois mundos separados

Ficou a pensar para a eternidade.
Um pensamento não oscilante, em vez disso, algo frio e cortante. Um pensamento que lhe varria os sonhos e os desejos, que o fazia lembrar do passado. Ele ainda hoje não sabe o que lhe chamar, pelas suas qualidades gostava de chamar-lhe a deusa, pela sua fragilidade queria chamar-lhe flor, pelo amor que sentia por ela era coração. Tudo o que ele queria era pagar os montes e as escarpas, extinguir os rios e as pontes, cortar estradas e inventar estradas novas, que o aproximassem e que fizesse com que fosse mais rápido chegar à sua beira.
Hoje não sabe se a ama, não se sabe se gosta dela. Afastaram-se como se o tempo juntos não fosse bom o suficiente, ela era artista, fazia desenhos com os sonhos, ele era pragmático, queria o presente e o futuro encaixilhados como um mapa, que tinha de ser seguido totalmente à risca para o levar ao que ele desejava, a felicidade eterna. Ele era muito mais velho que ela, viviam em diferentes gerações, ela era do email e ele das cartas com cheiro no envelope, mas compreendiam-se, respeitavam-se e viviam muito do amor que sentiam um pelo outro.
Ela hoje quer continuar sozinha, a descobrir o mundo através dos seus olhos de artista, captando todos os simples momentos que ficam intrínsecos a nós, e que nem sempre damos o devido valor.
Ele pragmático continua a viver o presente, mas agora sem pensar no futuro, porque ele sabe que o futuro esperará sempre por ele, nem que em ultima instância ele viva fechado sobre si eenclausurado na prisão mental que vivia antes dela. Ele vive mais como um artista agora, com planos traçados, mas aproveitando todas as brisas leves que lhe amaciam a face.

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