sexta-feira, junho 28, 2013

#Desejo

Sou impaciente quando desejo.
Quem deseja não pode ser paciente, porque a paciência é uma virtude, e o desejar tem malícia, não é virtuoso, tem malícia de se querer mais, de arrancar a outra pessoa da sua existência, tomar o seu corpo e sua alma e absorver tudo o que desejamos, absorver essa pessoa. O desejo tem origem naquilo que de mais intimo tenho em mim, não chamemos esperança, chamemos-lhe antes uma crença, o desejo é acreditar que o que desejamos é o mais certo para nós. Que esse alvo do nosso desejo nasceu para estar conosco, acreditamos que o desejo é a configuração da esperança num mundo melhor.

Desejo(-te),

porque desejo ter esperança,
porque desejo que o meu sofrimento tenha fim,
porque a cor dos meus olhos não interessa, interessa a cor das minhas palavras e a convicção com que as digo,
porque o mundo me deixou sozinho, e encontro em ti a minha paz,
porque encontro em ti um sorriso maior que a cicatriz que trago no meu peito.

Diz-me: 
Quantos barcos se perderam para verem os teus olhos?
Cairei, em qualquer altura, titubeante aos teus pés.