sábado, dezembro 14, 2013

#Uma voz

Existem cantores que com apenas uma canção específica, com a sua voz inteligivel conseguem acender um interruptor emocional. São canções que despertam em nós uma resposta inegavelmente sempre parecida, quase como um reflexo de Pavlov, que geralmente são emoções que existem dentro de nós, mas que geralmente não estão despertas. São emoções que vivem à flor da pele, sem nunca darmos por elas, passam despercebidas, não as "sentimos" dentro de nós, não sabemos que existem na maior parte do tempo, mas no entanto basta acender-se o rastilho emocional criado pela voz e pela canção e lá vamos nós, numa roda viva de emoções, nem sempre felizes.

A voz dele cria em mim uma espécie de vácuo, um vazio, uma melancolia profunda, que não consigo explicar claramente, nem que me fossem dadas todas as palavras em todas as línguas do planeta, eu sequer conseguiria exprimir completamente o que me vai dentro do coração a cada canção dele. A cada silvo do piano, a cada suspiro da sua voz, a cada dedilhado da guitarra, e a cada final de frase sinto a minha alma um pouco mais lúgubre, e a tentar fugir de mim. Não sei explicar este sentimento de profunda melancolia, de onde vim não se aprende nada sobre a não felicidade, sobre o estarmos solitátios e deixados à nossa sorte, lá são todos felizes, cada um na sua vida, com os seus carros, suas casas, suas alianças e os seus filhos, não perfeitos, mas perfeitos uns para os outros. E eu aqui, sozinho, abandonado ao sabor da voz de um homem.

Nunca deixa de ser um hipnotizar dos meus sentimentos, transformando-os em algo inexplicável, não sei mais o que sentir, inicia-se dentro de mim um caos de amplitude cósmica, todas as minhas partículas se alteram ao mínimo sinal da tua voz, tornando-se assim um complemento pessoal da tua voz de timbre geralmente agudo.

Não fui criado para ser um membro estranho na sociedade, por vezes sinto-me perdido e não consigo descobrir sentido em nada, tudo parece fora do seu lugar e todas as coisas parecem-me apenas formas aleatórias, onde não descubro o que fazer com cada uma delas.
Aí, a tua voz torna-se num farol para os meus sentimentos, e que me ajuda a me encontrar.

terça-feira, dezembro 10, 2013

#Delírios




"Não sei quanto tempo é necessário para nos apaixonarmos. Nem sei quanto tempo é suposto sabermos que nos vamos apaixonar por alguém. A vida é tramada quando estamos à espera das convenções sociais para assumir um sentimento, como é que podemos definir o momento certo para definir o sentimento, ou par admitir que temos esse mesmo sentimento dentro de nós? As pessoas simplesmente não sabem por vezes ver, se um casal está apaixonado, ou melhor, se duas pessoas estão apaixonadas.
As historia de amor são cada vez mais raras, e quando não são raras, são cada vez mais inóspitas, criadas em histórias mais ou menos fantasiosas, e que por vezes soam o ridículo, mas que são sempre verdade. Não acredito que amor seja a mesma coisa que paixão. A paixão é mais inebriante, tira-nos o fôlego, tolda-nos o cérebro, expande a nossa impulsividade, e leva-nos a fazer coisas que talvez nunca o fizéssemos de outra forma. O amor é gostar de tudo o que a pessoa é, todos os seus defeitos, todas as suas qualidades, todos os pequenos problemas e todos os grande feitos, viver para essa pessoa vivendo ela também para nós, com o objectivo de sermos felizes.
Não sei quanto tempo é necessário para nos apaixonarmos, mas vivo no dilema de dizer a verdade, dizer-te que vives iludida dentro da tua própria mente, que isso são só rasteiras que o teu cérebro quer pregar ao teu coração, dizendo que não deves ficar comigo, nem com ninguém. O teu cérebro quer dizer-te que não és capaz de amar novamente, mas o teu coração pede por mais todos os dias, eu também quero mais, quero sair deste marasmo em que me deixaram, neste ponto a meio do caminho entre o céu e o inferno, e quero subir e não mais voltar a descer. Não sei dizer se nos teus olhos senti o cheiro do mar, o cheiro de areia molhada, onde quero assentar os pés, e viver na onda do calor. Não quero saber quantas mãos já sentiram as tuas linhas, nem quantos lábios te sentiram o sabor. Pouco me interessa quem te fez mal (apenas gostava de os fazer desaparecer de ti), porque só te quero fazer bem, no mundo em que vivo reprimo ao máximo a negatividade e acredito sempre na esperança.
Pode não haver lugar para "nós" na minha e na tua vida, a equação "nós" pode ser um ridículo vazio de espaço e de tempo, em que o resultado é simplesmente nulo, mas nunca forçaremos os números, nem nunca os desmentiremos a sua certeza. 

O teu coração ficou perdido no pacífico, talvez já role nas ondas do Havai, ou por outro lado esteja a dar à costa num qualquer país oriental, levado por algo ou alguém que  não soube apreciar a tua intensidade. 
E eu não sei o que é correcto ou errado, não sei se hei-de sentir ou de pensar, ou no que hei-de querer, ou o que desejar, o que sinto neste  momento é que o meu coração é um novelo de cetim vermelho, onde ambas as suas pontas ficaram presas no interior, procurando alguém que saiba pegar nessas pontas, emaranhadas numa imensidão de sentimentos."