quinta-feira, outubro 30, 2008

Lisboa #1

Quando vim para Lisboa não associava a cidade a nada. Sinceramente, só me apetecia estar longe da cidade, quando cá chegava só queria voltar para o Norte, para a minha terrazinha do interior, hoje já não funciono bem assim. Quer dizer, continuo a ter uma vontade extrema de ficar no Norte, pertinho dos pais, dos amigos mais antigos e sobretudo da namorada. Mas algo na minha vontade mudou, ou então algo mudou na maneira como vejo a cidade hoje em dia.
Lisboa no Verão não é uma cidade linda, pode ser engraçada mas não é linda, sabemos que as pessoas ficam melhores no Verão, mais bem-dispostas, mais à vontade e com o espirito mais aberto.
Eu acho que agora que veio o início do Outono, vejo Lisboa como a cidade perfeita para o Outono, apesar de eu não gostar muito do Outono. Para mim Lisboa cheira a Portugal antigo, ao Portugal do Marquês, ao Portugal Terra dos Melancólicos, a Portugal Terra do Fado. Com isto não quero dizer que Porto, Braga, Guimarães e Coimbra não sejam nada disto, apenas acho que Lisboa encarna melhor este espírito.

Na Rua Augusta nestes últimos dias quando passo por lá há dois ou três momentos que me marcam especialmente, exactamente por cheirar a Portugal antigo e melancólico. O primeiro é um senhor pobre que está sentado num banquinho, e que com uma harmónica pequenina já desprovida do timbre, da afinação original em que soaria melhor dá notas que parecem tiradas dum conto português, ou dum Livro de História de Portugal. São um conjunto de notas tristes que me fazem imaginar na Rua Augusta há 250 no tempo do Marquês, ás quais se podia jantar uma senhora já velhota mais à frente a cantar um fado a capella, em que a letra triste nos inunda de emoções melancolicas e pesarosas como que calcadas por um dos cavalos do nosso 1º Afonso.
As castanhas tão naturais deste tempo tambem dão uma nostagia, como que cheiro delas me faça esquecer do cheiro nauseabundo da poluição automóvel que corrói os prédios do Marquês, e que me traga os cheiros do Marquês.

Com o Porto é diferente, Porto para mim é quase uma cidade inglesa, tudo nela me faz lembrar os ingleses que ficaram há 120/130 anos e que construiram os seus edifícios típicos. O Porto é simplesmente perfeito, cinzento e lúgubre.

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quinta-feira, outubro 16, 2008

Selfish bastard #2

Há dias em que não me sinto eu, e ultimamente tem-me acontecido muito isso, não sei o que tenho feito para me sentir diferente, mas ás vezes prejudico a/as pessoa/s que amo, por querer ter uma relação perfeita. Vindo de mim não é lá muito normal, eu acredito sempre em amores perfeitos, ou pelo menos com uma história perfeita em 99% da sua duração, mas cheguei à realidade da maioridade, da idade em que as pessoas sabem pensar e sabem o que pensar, e chegam à conclusão sobre o que é a perfeição, e eu tenho a minha ideia de perfeição.
Eu não sou o namorado perfeito que ELA quer na vida dela para não a desilludir constantemente ou não, eu não sou o FILHO perfeito que cumpre todos os sonhos deles, eu não sou o AMIGO perfeito que está sempre lá presente. Mas tenho as minhas qualidades, sei amar, amar mesmo como quem se eleva só para ser melhor para essas pessoas, e que quer tentar faze-los felizes em todos os momentos, mesmo sabendo que isso não é possível. Sei que tenho sonhos inconcretizaveis como toda a gente tem, mas sei ser realista e pragmático nas alturas certas, para tentar ter uma vida melhor e proporcionar um vida melhor, sei que o sacrifício de estudar/trabalhar durante várias horas diárias para chegar a uma prova e tentar fazer a música o melhor que sei sem a estragar e dando valor ao "Sturm und Drang" (valorizar os sentimentos na expressão musical e literal), deixando fluir um lado meu mais criativo. Não sou o amigo perfeito para aqueles amigos para quem estou longe a semana inteira, mas eles sabem tanto como eu que são importantes para mim e que estou sempre no mesmo sentido universal do que eles.
Portanto, para mim sou perfeito nas minhas imperfeições.

Desculpa, sim?*
(L)*