quinta-feira, junho 03, 2010

Duas histórias que se cruzam.

Eles eram ambos bastante conhecidos. Mas eram conhecidos por razões bastante diferentes. Ela era a diva, a Grace Kelly lá do sítio, sempre cheia de si, com muita confiança e sabendo já o que queria para si num futuro, incluindo aí um amor puro e verdadeiro que procurava faz tempo já tinha bastante "Grace" à frente da Kelly que era sua. Ele era o artista lá do sítio, um Peter Pan, que vivia escondendo-se em relações não muito duradouras umas verdadeiras com tudo o que se procura e outras nem tanto assim, mas vivia bem, num mundo de ideias frágeis e pessoas que eram também de vidro, ele era Peter por inteiro que vivia num mundo muito "Pan" de primário.
A verdade é que apesar das diferenças notórias completavam-se bem, o amor era notório e a paz era tudo o que se via no amor destes dois caracteres. As pessoas não perceberam que ele eram um cancro e que nunca na vida ia conseguir corresponder às expectativas que sobre ele foram criadas. Isto porque ele foi criado e cresceu o pouco que cresceu rodeado de pessoas que nunca lhe deram o melhor que tinham. Foi andando com essas pessoas de um lado para o outro não sabendo que estava a perder o melhor de si. E assim se começaram a descobrir os erros e asneiras dele, eram mentiras, eram omissões, era tudo de mau um pouco do que podia haver. Ele continuava a não perceber o que é necessário para ser melhor, e foi metendo o pé em caminhos movediços que acabaram por o levar à ponte de tábuas soltas. Quando foi preciso provar a si mesmo que conseguia fazer tudo o que lhe pediam meteu o pé em falso e escorregou, caiu num abismo profundo, ficando cheio de mazelas e com os seus males todos a decoberto.
Ela ficava simplesmente cheia de raiva todos os dias com tudo o que se tinha passado. Ela ergue-se e voltou a colocar uma muralha onde dantes existia um coração para ele, ficando hiper-magoada e sem caminho de volta. Apagou com uma borracha o passado e decidiu esquece-lo. Para sempre. E fez com que ele se tornasse indiferente.
Hoje ela vive num caminho feliz, ajudando quem precisa, e completa espiritualmente.
Ele continua um falhado, sem saber o que fazer, sem perceber, encostado à berma do abismo. A chorar.

2 comentários:

Joana disse...

Todas as pessoas que vão connosco na vida a qualquer momento dão-nos coisas boas. Todas, sempre. Às vezes achamos que também nos dão coisas más - às vezes achamos que foram mais a más que as boas. Não é assim. As coisas más são uma parte, pequena, do que é bom. As coisas más são a oportunidade que a vida nos dá para sairmos dos nossos limites e sermos realmente quem devemos ser. Morre-se? Morre-se. "Mas é preciso morrer para nascer de novo / semear no pó e voltar a colher"
A vida não é definitiva, não é estanque, não é certa, a vida é o caminho que vamos fazendo. E é surpreendente, quando deixamos de querer o que quer que seja e nos entregamos a ela, a vida surpreende-nos.

Boa sorte e amigos :D para o caminho!

Jinhos.

Snow disse...

Foi o melhor momento do meu dia ter tropeçado neste blog. Um texto sentido, directo, poético, bem escrito e intenso. é tão dificil conseguirmos expressar por palavras a amálgama de sentimentos que nos vai assombrando no dia a dia, mas tu fizeste-o na perfeição.