sexta-feira, maio 25, 2007

Vinícius de Moraes #1

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, trêmulamente construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os."

Vinicius de Moraes - Grande escritor e poeta brasileiro
(sinto este texto dentro de mim, porque tudo o que diz é verdade e perfeito)



sábado, maio 19, 2007

Felicidade...


Muitas vezes acho que a vida não pode ser muito mais dura do que o que realmente é.

Tenho tido muito tempo para pensar no meu futuro. Não, não sou um tipo de 35 anos que ainda vive em casa dos pais, a viver do subsídio de desemprego e cujo maior feito é conseguir beber 3 cervejas e comer um pires de tremoços em menos de 1m. Tenho pensado nisto apenas porque sou músico, e acho que o"mercado" da música clássica em Portugal tem vindo a ficar um bocado saturado, ou então está a ficar um mundo onde cada vez mais as pessoas com uma enormidade de talento ficam com o seu cunho pessoal gravado na "História".

Penso que o meu futuro, está tão indefinido quanto o futuro do Carmona na política, tanto posso ter "sorte" e ganhar rapidamente lugar no ensino, ou então deixo-me de sonhos, e decido lutar para atinigr o que quero, e é exactamente isso que vou fazer, porque hoje aconteceu algo que não me mudou a vida, mas que me ajudou de certa maneira a compreendê-la melhor um bocado.

Acho que mesmo nos momentos mais tristes, temos uma coisa com quem podemos contar, ou neste caso duas, amigos e família. Isso sim é algo pelo qual vale a pena lutar para ser feliz, e para nos lembrarmos que sejam quais forem as nossas alegrias ou tristezas, eles estarão sempre lá para chorarem, rirem-se, e apreciarem/julgarem as nossas acções sejam elas boas ou más.

Daí que digo que adoro a minha família e todos os meus amigos.

FELICIDADE.

quinta-feira, maio 03, 2007

Sem palavras...

Hoje sinto-me no meu máximo para escrever, ou seja, estou não sei como, a palavra certa não é lamechas, nem angustiado, nem melancólico, acho que é uma palavra que se reúne no meio das outras todas.
Decidi escrever porque tava a ver um programa na cabo, e acabei por me aperceber que a minha vida tem sentido para outras pessoas, embora eu nem sempre tenha isso presente em mim, porque acho que vivemos a nossa vida duma maneira muito 8 ou 80, ou muito "ao céu" ou muito "terra a terra", e isso acaba por prejudicar a nossa maneira de viver e sentir as outras pessoas. Nos últimos tempos tenho sentido uma vontade imensa da sentir as pessoas, fazê-las pensar em coisas boas, alegrá-las, cheirar (é tão bom o cheiro a pessoa), ficar um dia todo a sentir os raios quentes do sol a abraçar-me o sangue, cheirar o que me enche de vida, abraçar os dias chuvosos.
Quero abraçar as coisas que me fazem sentido.
E as pessoas também.
Sobretudo aquele alguém.
"No entanto ele não sorri."


"Too good for words..."
"She's funny that whay" Art Tatum