quinta-feira, novembro 20, 2008

10 years from now.

Não sei o que vou estar a fazer daqui a 10anos.
Se calhar para as pessoas normais há muitos sonhos que querem cumprir antes de começar a trabalhar depois de acabar a universidade. Eu tinha alguns sonhos, quer dizer, ainda os tenho, mas a linha que me separa deles tornou-se inevitavelmente mais grossa, porque aos poucos fui decidindo a minha vida, com passos que espero que se continuem a revelar seguros.
Sonhava viajar o mundo como solista internacional, com uma carreira premiada de êxitos, com reconhecida distinção continental.
Sonhava ser ao mesmo tempo um chefe de naipe de uma grande orquestra mundial, onde pudesse interpretar aqueles programas difíceis que raramente se dão a conhecer nas nossas "pequenas" orquestras portuguesas.
Eu continuo a sonhar com isso, como que um milagre me desse mais capacidades do que aquelas que já possuo, e me tornasse num fenómeno reconhecido. Mas sobretudo hoje em dia sou realista, sei aquilo que valho, e sei que para singrar no mundo onde estou, o mais importante é construir uma carreira com opções certas e pequenos passos. Hoje, toco naquela que é reconhecidamente a melhor banda militar do país, tenho oportunidade de evoluir todos os dias com colegas profissionais que diariamente trabalham noutros ramos da música, nos melhores sítios. Continuo, espero eu, a mostrar dia-a-dia o que levou a Guarda a recrutar-me em 1º á frente de outros 21 colegas do mesmo instrumento, estudando dia-a-dia com a mesma dedicação com que comecei aos 10anos.
A vinda para Lisboa ensinou-me que ás vezes mudar de lugar, e dar um pequeno passo atrás na carreira (o facto de não ter acabado este ano a Licenciatura, para acabar 2010 espera-se), para dar dois passos à frente (a oportunidade de trabalhar e tocar diariamente numa Banda Sinfónica), que daqui a algumas semanas/meses/anos se revelem noutros passos maiores, como arranjar novos trabalhos que me permitam levar uma vida boa, tranquila e feliz.

Com isto não digo que os sonhos são maus, porque isso é mentira. Apenas digo que os sonhos se podem reconverter aos poucos em realidade, se trabalharmos para eles dia-a-dia, e se acreditarmos que somos capazes de alcançar aquilo a que nos propusemos. Não sou melhor do que ninguém, até porque acredito que na música, a alta competição não devia existir, porque a música é arte, não é desporto, nem uma feira de vaidades.

"O pianista polaco Piotr Anderszewski saltou para a ribalta após abandonar a final do Concurso de Leeds. Para ele não fazia sentido pensar a música em termos de uma competição com os seus pares."
in site Casa da Música

Os sonhos são um futuro do presente.*
Felicidade.*