quinta-feira, junho 14, 2012

Carta


"Não te vejo há quase dois anos, ver-te no sentido de estar contigo, claro. Desde que acabamos, ou que acabaste comigo, por razões que eu e tu sabemos. Mas a principal razão era eu não te estar a fazer feliz, e que continuava a magoar-te, dia após dia após dia. Na altura não quis ver, achava que não tinhas razão, achava que não podias acabar comigo, porque sempre te quis só para mim. Fui egoísta, quis sempre a minha felicidade, ou a minha alegria, e nunca pensei na tua, e no quanto estavas triste nos últimos meses comigo. Mas vi quão mal estavas na altura, só que apenas uns meses depois, quando conheceste alguém, alguém que te soube tratar como tu sempre mereceste, e alguém que gostava de ti a sério, alguém de quem gostavas a sério, e vivias um amor equilibrado e seguro.

Desse tempo até hoje tentei esquecer-te, tentei mesmo. Nos primeiros meses apesar da fachada sorridente e das ações que indicavam o contrário, sentia-me sozinho, sentia-me perdido, faltava-me literalmente o Norte, a pessoa que me marcou desde o primeiro beijo e desde o primeiro olhar. Tentei substituir-te, todas as vezes que conhecia uma rapariga, todas as vezes que falava com uma rapariga, tentava encontrar algo de ti, algo que me lembrasse de ti, uma característica ou um traço da personalidade, mas nada. Não quer dizer que não me tenha envolvido e iniciado relações com mais ninguém, porque o fiz, mas foi tudo uma felicidade passageira, é uma certeza. E isso é o mais triste de tudo, comparar qualquer pessoa contigo, não dá, simplesmente, é injusto para com todas as pessoas, deviam ser avaliadas como seres individuais, não comparadas contigo, uma entidade humana, que sobrevoa o meu pensamento. Marcaste a meu coração a ferro quente, com uma intensidade e uma força que por muito que queira não consigo explicar, o teu lugar na caixa de veludo vermelha é intocável.

Nestes dois anos, recebo cada mensagem tua, como um sinal de que ainda sabes quem sou, e de que não me esqueceste. Pela positiva ou pela negativa é que já não sei. Mas sempre que troco uma mensagem contigo ou de cada vez que vejo uma foto tua, desato a planar, a vaguear pelo interior do meu cérebro, sorrio e fico nervoso, não te quero desiludir mais, fico ansioso pela próxima mensagem e quero sempre mais, como um desejo infindável de não perder seja o que for que eu tenha contigo neste momento. 

Não alimento esperanças de que sejas minha outra vez, não porque não o queira, mas porque não me posso dar ao luxo nem ao desejo de pensar como seria. Só quero que hoje e todos os dias, que sejas interminavelmente feliz, seja com quem for que tu escolhas para estar a teu lado. Fui infantil e fraco contigo, mas gosto de pensar que sou melhor agora. Enquanto tu foste a melhor pessoa da minha vida, inesquecível e marcante.
Não sei explicar o que sinto, sei que quando estás perto, estás verdadeiramente perto. E que quando estás longe, estás verdadeiramente longe."