sábado, fevereiro 18, 2012

Dias e dias.


Há dias em que simplesmente nada corre bem, dias em que não nos sentimos no nosso corpo, em que cada decisão e cada acto parece condenada ao fracasso. Cada acto leva a um momento de desilusão, não sei se lhe chame kharma ou outra idiotice qualquer. Cada acto parece desprovido de força. O meu cérebro está tão fácil de perfurar como manteiga com uma faca quente. Todos os musculos do meu corpo indicam uma manifesta falta de força. Todos eles parecem desistir, menos as mãos. As mãos estão nervosas, com os dedos rápidos em direcção ás teclas. De repente, quero sucumbir ás forças e desatar a ter uma sobrecarga nervosa. Como será que este homem de mala da Samsonite, óbvio empresário, ficaria se me visse aqui – Pedro Silva, fácil de identificar, com um trombone ás costas – a chorar? Um homem adulto no meio de um local público, uma estação de comboios, encostado ás suas pernas, num canto a chorar? Que bonito que deveria ser, mas é assim que me sinto, impotente perante os factos. Imaginem, uma bola gigante de pedra, a ameaçar um aldeia e eu impotente, a olhar para ela, enquanto ela avança directamente para mim. Não controlo muito da minha vida, porque cada decisão que tomo, parece que vem com algo negativo atrás. Sou um fantoche, a quem puxam as cordas para me mexer, ou a quem metem a mão nas costas para eu falar. Alguma vez se sentiram um autómato? Um autómato, aquela espécie de rôbos, que não pensa nem diz coisas por si, só tem aquelas frases e aquelas ações destinadas para ele? 
Hoje sinto-me um membro do rebanho, da horde de formigas vulgares que passeiam na Terra. Sinto que não tenho um propósito, e lá vem a cabeça a ferver, a debitar centenas de pensamentos por minutos, centenas de ideias, centenas de pedaços de estupidez cerebral, centenas de projectos não concretizados, centenas de momentos em que nos perguntamos se somos mesmo assim, se nasci para isto?se sou só mais um?se sou mesmo a unica pessoa que sente que a minha vida devia de ser mais que isto? mais que estar sentado a um computador.numa estaçaõ de comboios, impotente à espera do próximo para me levar para onde pertenço. Desejo ser mais do que aquilo que me sinto. Desejo viver a vida com pensamentos meus, e ideias minha a todo o instante. Não quero viver a vida a pensar se fiz o suficiente, porque isso significaria que não o fiz. Desejo viver a vida ao máximo, e para isso tenho de ser forte e assumir sempre o controlo. Ficaria aqui à espera de uma “punch line” para acabar este texto, mas não tenho a força nem a vontade neste momento. Preciso de me deitar e olhar para o vazio, e pensar mais devagar...